O debate alavancado pela exposição do movimento Black Lives Matter com a morte de George Floyd está levantando várias questões sobre o racismo. Uma delas é a objetificação do corpo negro.

Na indústria pornô isso se torna ainda mais evidente, assim como, segundo relata o ex-ator Race Cooper, o racismo em diferentes outros aspectos, inclusive a diferença salarial.

Cooper ficou conhecido por seu trabalho com o Raging Stallion Studios, onde se tornou o único negro que trabalhava como funcionário em tempo integral. Se essa “exclusividade” já escancara o racismo nas relações de trabalho da indústria pornô, em recente entrevista ao site Pink News o ator alega ainda que o estúdio pagava menos para ele do que para os atores brancos. Além disso, quando o estúdio se fundiu ao Falcon Studios foi o único ator demitido.

Ele lembra que o questionário feito aos atores sobre as restrições sobre com quem não gostariam de contracenar em muitas vezes era utilizada como forma de filtro para não atuar com negros. “Isso é algo que seria chamado de racismo em qualquer outro setor”, afirma.

Fui feito para sentir que não era digno de elogios, validação e definitivamente menos valioso do que todos os atores brancos.

Race Cooper em entrevista ao Pink News

Para Cooper esses fatos enviaram uma mensagem profunda: que os homens negros são apenas fetichizados na indústria e valem menos do que seus colegas de outras raças. É aí que ele lembra sobre a objetificação do corpo negro.

Vários fetiches não têm nada a ver com raça, qualquer um pode participar. Mas quando seu fetiche é um “cara negro” você está retirando o componente humano e tratando-o apenas como objetos.

Cooper fala sobre a objetificação do corpo negro

Para ele, a fetichização diminui o negro, usa apenas para gratificação sexual pessoal e descarta quando termina. “O racismo assume muitas formas, e nossos pensamentos sobre racismo e sexo precisam mudar”, completa.

Cooper faz um apelo para que a comunidade LGBTI+ resista ao racismo em todas as áreas da vida, “incluindo o quarto”. Para o ex-ator, embora o Black Lives Matter se concentre na brutalidade policial, a maneira como vemos e tratamos os outros sexualmente e nos envolvemos com eles também deve ser abordada. Ele ressalta que não é possível reivindicar empatia quando os negros são mortos nas ruas, tratando os mesmos de maneira diferente nos lençóis.

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