Não que seja surpresa para quem acompanha minimamente as opiniões expostas por Regina Duarte em entrevistas ou nas redes sociais. Mas, em entrevista que foi ao ao no programa Fantástico de ontem, a Secretária Nacional da Cultura afirmou que “você não vai fazer filme pra agradar minoria com dinheiro público”.
A resposta foi dada quando o entrevistador, Ernesto Paglia, questionou como Regina Duarte atuaria dentro de um governo conservador que tenta coibir determinadas formas de expressão política. Chama a atenção que essa resposta tenha vindo na sequência de quando Regina disse não se sentir desconfortável em participar de um governo de um presidente que é admirador do período da ditadura militar, mesmo sendo lembrada pelo repórter que atuou em obras de arte que sofreram censura.
É tão grave a negação da atual secretária que existe risco de não há risco de andarmos para trás, quanto a fala que ela (ou qualquer outra pessoa em sua posição) teria o direito de definir como será utilizado o dinheiro público baseado em suas preferências pessoais ou alinhamento político.
Não deveria ser preciso, mas é sempre bom lembrar, que o dinheiro público não pertence a um determinado grupo. Até porque ele é de origem diversa, tanto dos apoiadores de sua ideologia quanto aos que são contrários. Tirando o fato (inclusive alertado pelo repórter neste momento da entrevista) que qualquer pessoa que esteja no poder tem que governar para todos, inclusive os que pensam diferente e votaram em outra pessoa/ideologia, cabe lembra a sra Regina que a “minoria” que ela cita contribui da mesma forma com o pagamento de impostos para gerar dinheiro público.
Dizer que temos direito a nos expressas culturalmente “contanto que busquem seus patrocínios na sociedade civil” é nos negar direito a acesso da nossa cultura financiado também pelo nosso dinheiro. Ou esse governo irá isentar essas minorias de pagarem impostos? Com que direito ela, ou qualquer outra pessoa, pode decidir o que fazer com o nosso dinheiro? Somos menos importante culturamente falando? Nosso dinheiro tem menos valor? Nossa cultura tem menos valor?
Choca que essa senhora tenha dado essa entrevista exibindo um crucifixo em seu pescoço. Para esquecer as palavras até mesmo daquele que exibe sem seu corpo. Julga, exclui e simplesmente acha que tem esse direito. Lamentável!
Para não ser parcial, tivemos momentos na entrevista em que ela chega a dar algum sinal de lucidez (embora mesmo nessas repostas tenha sido óbvia e vaga), como quando critica o seu antecessor pelo vídeo com dizeres nazistas que levou a sua dispensa do cargo. Mas, no contexto geral mostra que continuará seguindo a perigosa cartilha de um governo que claramente não tem interesse em investir na cultura. Afinal, foi inclusive o primeiro a tirar o status de ministério de uma pauta tão importante.
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