Um caso raro sobre uma mulher argentina que apresenta carga viral indetectável mesmo 12 anos sem tratamento foi divulgado em 2017. Agora o site Aidsmap traz mais informações a respeito.

A paciente com 50 anos está indetectável desde que interrompeu o tratamento em 2007 e apenas um pequeno número de células contendo DNA do HIV foram encontradas em testes intensivos feitos entre 2015 e 2017.

Diagnosticada em 1996, aos 37 anos, quando foi diagnosticada com toxoplasmose e HIV. Ao longo do tratamento a paciente mudou de medicação várias vezes por dificuldade de adesão e perda de gordura. Com o agravamento da lipodistrofia ela interrompeu o tratamento em 2007.

Ela apresenta carga indetectável na época e não apresentou nenhum rebote viral desde então. Em 2013 os médicos começaram a investigar o caso depois que dois testes sugeriram que o HIV não só seria indetectável, mas poderia ter sido eliminado do corpo da paciente. A chamada cura do HIV.

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Foi até mesmo realizado um teste de uma amostra armazenada de tecido cerebral obtida por biópsia em 1996 que confirmou que o diagnóstico na época não foi falso-positivo.

Agora em 2020 ela fez novamente medição de carga viral, continuando indetectável, e sua contagem de células CD4 permaneceu estável acima de 500 células.

Pesquisadores afirmam que este caso é um dos mais longos entre os documentados de controle de HIV pós-tratamento e é “extremamente único” pela perda de anticorpos (seroreversão). Para se ter ideia, o paciente de Berlim, uma das duas pessoas curadas do HIV após os transplantes de medula óssea, reteve os anticorpos de HIV após a cura.

Porém, ainda não conseguiram chegar a alguma explicação de como o HIV foi controlado desde que a paciente parou o tratamento. Mesmo assim, afirmar que o caso “pode representar o melhor exemplo de cura funcional pós-tratamento e oferecer esperança de uma remissão durável sem a necessidade de intervenções excessivamente tóxicas”.

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Infectologistas pregam cautela na análise do caso

O portal Agência de Notícias da AIDS conversou com infectologistas brasileiros que pregam cautela na análise do caso. Adele Benzaken, por exemplo, ressalta que há pouca divulgação do caso e a publicação não saiu em nenhuma revista de renome internacional como merecia.

Infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Zarifa Khoury destaca que apesar do sistema imunológico da paciente ter controlado o HIV, mas que se ela tiver uma replicação viral, mesmo que pequena, imediatamente ela fica positiva. Por isso não é considerada curada, e sim controlada.

Todos os especialistas ressaltam algo muito importante: as pessoas vivendo com HIV não devem interromper seus tratamentos.

Foto de Anna Shvets no Pexels

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