O jornal New York Times publicou a respeito do que seria o mais novo caso de cura do HIV. Porém, a descoberta é ainda mais animadora, já que a paciente não teria sido curada através de um transplante ou medicamentos.

Antes dela, outros dois casos de cura do HIV foram relatados com pacientes que se submeteram a transplante de medula óssea. Recentemente houve anúncio de um caso brasileiro que utilizou terapia combinada de medicamento e vacina.

O novo caso de cura do HIV foi detectado em um estudo realizado com os chamados “controladores de elite”, um pequeno grupo de cerca 1% de pessoas com vírus que podem sobreviver sem tratamento anti-retroviral. Com exceção de um teste feito anos atrás que deu um resultado positivo, os pesquisadores nunca foram capazes de identificar qualquer vírus nos tecidos da paciente. No novo estudo foram analisadas 1,5 bilhão de células sanguíneas e não encontrado nenhum traço do vírus, mesmo usando novas técnicas sofisticadas que podem identificar a localização do vírus dentro do genoma.

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A pesquisa revelou ainda que em outras 63 pessoas do estudo o HIV aparentemente foi sequestrado no corpo de tal forma que não poderia se reproduzir. O estudo mostrou que os genes virais podem ser isolados em certas regiões “bloqueadas e trancadas” do genoma, onde a reprodução não pode ocorrer. Para os especialistas o que aconteceu nesses pacientes seria algo semelhante aos 10% que fazem tratamento anti-retroviral logo após serem infectadas e também suprimem o vírus com sucesso, mesmo depois de parar de tomar os medicamentos.

Até agora os estudos da cura do HIV se concentraram em erradicar todos os vírus que estão escondidos no genoma. A pesquisa oferece uma solução mais alcançável: o vírus permanecer apenas em partes do genoma onde não pode ser reproduzido, levando o paciente a uma “cura funcional”. O resultado é animador porque, segundo especialistas, além de comprovar que os chamados “controladores de elite” podem se ver livres do vírus, está indicando que é possível que algumas pessoas que fazem terapia antirretroviral por anos também cheguem ao mesmo resultado.

Isso sugere que o próprio tratamento pode curar as pessoas, o que vai contra todos os dogmas.

Dr. Steve Deeks, especialista em AIDS da Universidade da Califórnia e autor do novo estudo.

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Para uma nova fase do estudo eles estão contatando pessoas com HIV que tomaram medicamentos antirretrovirais por 20 anos ou mais e que podem ter conseguido banir o vírus para o “deserto” de seus genomas. Uma cura funcional, se for confirmada por pesquisas futuras, transformaria a vida dos pacientes, já que os anti-retrovirais podem ter efeitos colaterais severos.

Apesar dos resultados animadores, a comunidade científica lembra que a pesquisa precisa ser ampliada e até mesmo o novo caso de cura do HIV estudado mais a fundo. Além disso, é preciso aplicar todo esse conhecimento a população em geral.

O verdadeiro desafio, claro, é como você pode intervir para tornar isso relevante para os 37 milhões de pessoas que vivem com HIV.

Dr. Sharon Lewin, diretor do Instituto Peter Doherty para Infecção e Imunidade em Melbourne, analisa com cautela os resultados.

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