O comentário do jornalista Leandro Narloch na CNN Brasil a respeito da implementação por parte da Anvisa da decisão do STF sobre a doação de sangue gay gerou grande repercussão nas redes sociais. Hoje o jornalista foi desligado da emissora

Em seu comentário Leandro reafirmou preconceitos contra a comunidade LGBTI+ e chegou a usar a terminologia “opção sexual”. Outro ponto questionado é quando afirmou que os homens gays tem mais chance maior de ter AIDS, segundo ele, se baseando em pesquisas. Chegou a citar que ” em 2018 uma pesquisa mostrou que 25% dos gays de São Paulo eram portadores de HIV”.

Em carta para Douglas Tavolaro, CEO da CNN Brasil, A Aliança Nacional LGBTI+ indicou que tais comentários reforçam o estereótipo do LGBTI+ como um “grupo de risco”, o que é incorreto. Segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2019, do Ministério da Saúde, há uma incidência significativa sobre grupos como: homens e mulheres heterossexuais e mulheres gestantes. Especialistas inclusive já chegaram ao consenso que não há mais grupo de risco, mas sim comportamento de risco.

A Aliança então solicita esclarecimentos e indica providências acerca dos comentários do jornalista. A entidade sugere a leitura do seu Manual de Comunicação por todos os jornalistas da emissora e sugeriu que a emissora convidasse entidades LGBTI+ ” para que possa auxiliar na difusão do conhecimento para toda a nação de informações sobre as questões LGBTI+”.

Oficiamos e oferecemos nosso manual para todos os jornalistas. Eu acho que é um processo educativo que estamos propondo.

Toni Reis, Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI+

Carregado de preconceito, o comentário do jornalista teve tanta repercussão que ele mesmo veio a público se explicar sobre sua fala. Contudo, novamente se mostrou incapaz de comentar sobre a temática, uma vez que não domina os estudos e normas atualizadas sobre o tema LGBTI+.

Em sua explicação, ressaltou que “como eu disse, a nova regra de doação é muito boa. Restringe a doação baseada na conduta que aumenta o risco, e não na identidade sexual”, mas não resistiu a se mostrar novamente preconceituoso ao afirmar que acredita que para alguns ser gay é uma opção, mesmo afirmando na sequência não ter certeza sobre isso (se não sabe, não deve se pronunciar como comentarista a respeito).

Leia também: Deputado do Partido Novo defende jornalista com mais preconceito

Hoje o próprio jornalista anunciou que a CNN Brasil decidiu rescindir o seu contrato. Se fazendo de vítima na postagem feita nas redes sociais, disse que foi vítima da “cultura do cancelamento”. Inacreditavelmente aproveitou para anunciar que lançará um curso “contra a cultura do cancelamento, sobre temas sensíveis e ideias proibidas”.

Nós da página sugerimos que o mesmo aproveite o tempo livre para se aprofundar melhor nas questões levantadas e não mais passar vergonha ao comentar sobre um tema mostrando tamanho despreparo.

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