Longe da pompa de apoio de atletas que disputam os Jogos Olímpicos, 58 atletas estão representando o Brasil na décima edição do Gay Games, que segue até o dia 12 de agosto na capital francesa. A emblemática cidade parece ter atraído mais brasileiros, já que nas edições anteriores o número de participantes não passou de 15 atletas. E a delegação brasileira, que leva o nome de Espírito Brasil Paris 2018 já começou bem a competição, conquistando até agora três medalhas, sendo duas de bronze e uma de ouro.

gay games paris

Infelizmente o evento é muito pouco divulgado pela mídia brasileira e até mesmo conseguir informações dos resultados não é fácil. Mas o Guia Viajay está fazendo um trabalho heroico de manter o público informado sobre a participação brasileira em seu instagram (feed e Stories) e nós do Embarque na Viagem continuaremos sempre abrindo espaço para a divulgação do time brasileiro no Gay Games Paris 2018. Assim como nossos atletas, as equipes dos dois veículos não conta com nenhum apoio para a cobertura do evento. Uma pena, já que acreditamos na importância da realização do evento, da proposta de diversidade e da propagação do lema dos Gay Games: #AllEqual.

A primeira medalha brasileira veio em um esporte pouco divulgado no Brasil. O empresário Fábio Lemes ganhou bronze na Esgrima, na disputa de duplas ao lado de um atleta das Filipinas. Apesar de ter se inscrito para a última edição do evento, disputada em Cleveland em 2014, por questões de agenda Fábio só conseguiu participar nesta edição. Quando viu a lista de esportes que seriam disputados no Gay Games Paris 2018 voltou a treinar no início deste ano, depois de 12 anos parado. Curiosamente, para poder participar ele teve que trocar de arma e saiu do florete para a espada, por questões físicas. A medalha foi a recompensa de um esforço diário nos últimos 6 meses, quando treinou seis dias por semana em uma média de 5 horas dedicadas aos esporte: “Eu chorei muito quando ganhamos a medalha. É muito esforço. Quando a gente vê que valeu a pena, olha a medalha, é uma sensação única”, contou o atleta em entrevista exclusiva.

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Já o primeiro ouro brasileiro veio na corrida, com Ana Animal. Curiosamente o primeiro ouro brasileiro no Gay Games 2018 veio de uma atleta que não é gay. E talvez esse seja o maior legado do evento: não discriminar ninguém. Ana ficou sabendo da competição através de um jornalista que tinha feito uma entrevista com ela três meses atrás. O jornalista falou sobre o evento e ficou de tentar inscrevê-la na competição. “Eu fiquei empolgada na hora. Eu adoro os gays e competir aqui seria especial pra mim. Todo mundo é ser humano, isso é o que importa nessa competição”, disse de forma empolgada a atleta também em uma entrevista exclusiva. Sua única experiência anterior com o esporte inclusivo foi em uma “gaymada” no Parque do Ibirapuera. “Todo mundo falou que eu era muito boa, acabei queimando todo mundo”, conta Ana aos risos. Na prova de 10km que venceu hoje cedo Ana disse que poderia até ter se poupado mais (ela ainda participará da prova de 5km na quinta e da meia maratona no sábado), mas que o medo em não conhecer o percurso e as adversárias direito fez com que ela saísse já muito forte na prova. Ex-moradora de rua, Ana conheceu o esporte através do filme “Carruagens de Fogo”, que viu em uma loja. Conta que ali mesmo tomou a decisão de que iria começar a correr.

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Duas histórias de vida completamente diferentes que mostram que os Gay Games são mesmo os jogos do respeito e da diversidade. A terceira medalha brasileira foi conquistada no Arremesso de Peso, um bronze da atleta apenas identificada como Elvira.

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