Pela primeira vez a pesquisa “Diversity Matters”, comandada pela consultoria McKinsey & Company, foi realizada também na America Latina. E os dados mostram ligação direta entre diversidade nas empresas e lucro. Apesar disso, ainda há resistência em contratar trabalhadores LGBTI+.
Segundo o levantamento feito com quase 4 mil funcionários de 1300 empresas do Brasil, Chile, Peru, Argentina, Colômbia e Panamá, e divulgado pelo site do jornal Valor Econômico, a maioria (55%) dos colaboradores acredita que as empresas mais diversas têm maior probabilidade de retorno financeiro que seus concorrentes. Um número parecido (54,8%) acredita ainda que ter mais diversidade nas empresas nos cargos de gerência e diretoria aumentam a possibilidade de lucro maior do que outras empresas do mesmo setor.
A percepção de lucro maior está diretamente ligado a um ambiente acolhedor, inovador e participativo. Obviamente, a grande maioria (76%) dos funcionários se sente mais confortável de ser ele/ela mesmo no ambiente de trabalho nas empresas mais diversas. Isso acaba refletindo no lucro das empresas e na fidelidade do colaborador.
Nas empresas mais diversas os funcionários tem 152% mais de chances de propor ideias, já que para 73% há promoção da inovação no trabalho, contra apenas 44% em empresas menos diversas. Para Fe Maidel, Diretora de Empregabilidade, Qualidade e Certificação da Câmara LGBT, as empresas que promovem a diversidade saem na dianteira em criar ambientes desafiadores e estimulantes, antecipando tendências de economia colaborativa, essencial para a evolução dos negócios.
Promover a inclusão e diversidade permite vários olhares possíveis sobre o negócio, melhora a perspectiva, o planejamento e, por fim, atinge novas metas, mais desafiadoras e criativas.
Fe Maidel, Diretora de Empregabilidade, Qualidade e Certificação da Câmara LGBT
Fe destaca ainda que essas empresas costumam contar com sistemas de participação coletiva. Fato confirmado pela pesquisa que aponta que nas empresas mais diversas 76% dos funcionários relatam uma cultura pró-trabalho em equipe.
Para 74% dos entrevistados nas empresas mais diversas há um ambiente de confiança e diálogo aberto, enquanto apenas 41% revelam sentir a mesma coisa em empresas menos diversas. Esse é um dos motivos que levam a uma maior fidelidade do funcionário. Para Ricardo Sales, sócio da consultoria Mais Diversidade, o senso de pertencimento maior do colaborador de uma empresa inclusiva o torna uma espécie de embaixador da marca.
O que a gente percebe hoje é um perfil de trabalhador que está cada vez mais atento a essas questões, por isso tende a escolher empresas para trabalhar que estejam associadas a causas que fazem a diferença para a sociedade. Ainda, pesquisas revelam que a diversidade nas empresas vai reduzir o turnover.
Ricardo Sales, sócio da consultoria Mais Diversidade
De fato, segundo a pesquisa “Diversity Matters”, 72% dos entrevistados têm a tendência de permanecer por mais de 3 anos na empresa mais diversa. Além disso, 82% têm desejo de ser promovido nessas empresas.
Números ainda não impactaram a realidade o mercado de trabalho LGBTI+ no Brasil
Contudo, apesar dos números comprovarem que investir na diversidades nas empresas traz resultados, segundo o site G1, uma pesquisa realizada com representantes de Recursos Humanos de 14 estados brasileiras mostra que 38% das empresas têm restrições para contratar pessoas LGBTI+. Além disso, 31% dos entrevistados na “Diversity Matters” acreditam que sua sexualidade impactou de forma direta nas oportunidades de receber aumento ou promoção.
O reflexo é que menos da metade (47%) dos trabalhadores LGBTI+ relatam a orientação sexual no ambiente profissional, segundo levantamento do projeto “Demitindo Preconceitos”. Segundo pesquisa do Linkedin realizada com mais de mil profissionais brasileiros, 22% dos que não revelam sua sexualidade no trabalho a mantem em segredo por medo de sofrer represália por parte dos colegas.
Isso mostra a urgência de se tomar medidas para promover a diversidade no trabalho.
Heloísa Callegaro, sócia do escritório da McKinsey
A homofobia no ambiente de trabalho é ainda fator importante. A pesquisa do Linkedin revelou que 35% dos respondentes LGBTI+ relataram já ter sofrido discriminação no trabalho, sendo que 12% sofreram preconceito de forma direta ou velada por líderes da empresa.
Para 81% dos LGBTI+ entrevistados pelo levantamento feito maior rede social profissional do mundo ainda falta muito para que as empresas no geral acolham da melhor maneira os profissionais desta comunidade. Para garantir a diversidade nas empresas, 77% dos trabalhadores em geral e 83% dos trabalhadores LGBTI+ acredita que as empresas deveriam criar medidas de responsabilização de colaboradores que cometerem discriminação por causa da orientação sexual de seus colegas.
Eu tive dois chefes que simplesmente me deixaram fora de participar de decisões sobre o setor ou projetos e, atualmente deixaram de ser chefes! Já um colega com chefia, mas sem ter sido meu chefe e nos relacionamos, se mantém chefe até hoje! Inicio da década de 90, um cara mais que chefe de setor, meu coordenador, fomos até amigos, tivemos algumas transas fluidas, despedidas com beijos, hoje estamos com carreira profissional concluída!