Um relatório do Ministério da Saúde revelou que mesmo em um país progressista, a chamada “cura gay” na Holanda continua sendo praticada. A terapia de conversão é um serviço oferecido por pelo menos 15 profissionais ou instituições no país europeu.
A prática que busca alterar a identidade sexual ou de gênero de uma pessoa foi condenado por vários órgãos de saúde e psiquiatria em todo o mundo. Segundo essas instituições médicas, a “cura gay” causa danos psicológicos importantes nas pessoas.
Uma pesquisa de 2018 de sobreviventes de terapia de conversão no Reino Unido, feita pela Fundação Ozanne, descobriu que uma em cada cinco pessoas que haviam passado pela prática mais tarde tentou se suicidar, enquanto duas em cada cinco tiveram pensamentos suicidas.
A pesquisa chamou a atenção para que apenas a proibição da “cura gay” na Holanda, assim como acontece no Brasil (a Segunda Turma do STF manteve a suspensão de uma decisão judicial que autorizava psicólogos a aplicar terapias de conversão em abril de 2020) , pode significar pouco para o fim da prática. É que a maioria das aplicações está associada a questões religiosas e parte significativa das pessoas submetidas procuram a terapia.
Um sobrevivente da terapia de conversão disse à emissora holandesa NOS que, assim como ele, muitos acabam procurando eles mesmo a chamada “cura gay” e alerta que isso pode significar um baixo número de queixas por parte das vítimas. Ainda, lembra que mesmo proibida existem maneiras de continuar sendo feita: “Você simplesmente chama isso de tratamento para depressão ou algo semelhante”.
A constatação do sobrevivente se reflete nos números da pesquisa do Ministério da Saúde que mostra que muitos dos jovens entrevistados para o relatório disseram ter procurado a “cura gay” na Holanda.
Os pesquisadores entrevistaram jovens em comunidades religiosas sobre suas experiências com terapia de conversão para o relatório e descobriram que os esforços variavam de sessões semanais a conversas únicas com padres.