Com as entidades e players se movimentando para trabalhar a retomada do turismo, a pesquisa da IGLTA – Associação Internacional de Turismo LGBTQ+ – é uma boa fonte de informação sobre o comportamento do LGBTI+ brasileiro no pós-pandemia em relação a este setor.
Chama a atenção no recorte brasileiro do levantamento dos quase 15.000 viajantes LGBTI+ pelo mundo (foram 2.330 entrevistados no Brasil) que 32% dos brasileiros pretende viajar em grupo quando os protocolos de segurança em relação ao novo coronavírus forem estabelecidos. Ainda, que 41% querem participar de algum evento voltado para a comunidade.
Os números maiores que a média mundial revelam um pouco do perfil do turista LGBTI+ brasileiro, em especial dos gays (maioria entre os que responderam o questionário), que costuma buscar viajar para grandes eventos, normalmente acompanhado de amigos.
Os números mostram quem há um anseio para encontras pessoas, viver a vida e, de alguma forma, apoiar a causa LGBTI+.
Mariana Aldrigui, professora e pesquisadora da USP, analisando os números da pesquisa na coletiva de imprensa para a divulgação dos resultados.
Outra prova de que esses grandes eventos podem ser essenciais para a retomada do turismo é que 21% dos brasileiros, contra apenas 13% na pesquisa mundial, pretendem fazer cruzeiro. O sucesso de vendas da primeira edição da Hell & Heaven a bordo de um navio mostra o poder de um grande evento até de passar por cima da imagem negativa que o setor de cruzeiros teve no início da pandemia.
Mas, Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil alerta para a necessidade dos destinos trabalharem o turismo LGBTI+ ao longo do ano e não perder a oportunidade que esses grandes eventos trazem.
Os destinos precisam fazer o dever de casa. Usar a visibilidade desses grandes eventos para capacitação do trade e para desenvolver uma campanha capaz de atrair esse público também ao longo do ano.
Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil.
Assim como é a expectativa para todos os segmentos do turismo, a retomada deve enfatizar a viagem de curta distância. Metade dos entrevistados se dizem dispostos a fazer voos de até 3 horas de duração. Para os especialistas isso é um caldeirão de oportunidades para que os destinos brasileiros finalmente façam ações voltadas para atrair esse público.
Mariana Aldrigui lembrou ainda que o isolamento social gerou uma poupança compulsória com a diminuição dos gastos de entretenimento do cotidiano. Ricardo Gomes reforçou que quem conseguiu manter o rendimento está poupando nesses meses todos. Por isso, ambos acreditam que o setor de turismo tem um excelente momento para atrair os consumidores.
Inclusive, quem gastava com viagem internacional vai redirecionar suas escolhas e ativar o turismo de luxo nacional.
Mariana lembrando que os números que revelam predileção por viagens de curta distância é uma oportunidade inclusive para o turismo de luxo.
Por fim, a pesquisa da IGLTA confirma que o turista LGBTI+ brasileiro, assim como nos números da pesquisa mundial, será essencial para o primeiro momento na retomada. Nos números do Brasil, 64% dos entrevistados pretendem viajar ainda este ano.
A pesquisa revela que os meses que os entrevistados consideram que poderão retomar as viagens ganham destaque a partir de setembro (11%), sendo outubro (14% e dezembro (15%) o período em que há mais confiança na retomada das viagens.
Crédito da foto: Igor do Ó