Ex-atleta da seleção brasileira e campeão olímpico, Giba usou uma fake news para cometer transfobia ao responder em uma entrevista sobre a participação de atletas trans no esporte.

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Giba participou de uma espécie de programa de entrevistas comandando pelo deputado Eduardo Bolsonaro (sim, parece que é outro que está com tempo de sobra). O atleta que tem ligação com o governo federal, por ser Embaixador dos Jogos Escolares Brasileiros, falou sobre diversos temas.

Um dos momentos que mais chamou a atenção foi quando Giba foi questionado sobre a participação de atletas trans no esporte. Usando como exemplo a jogadora Tifanny, que atua na Superliga (principal competição nacional do esporte), o ex-atleta disse que a participação dela é “completamente fora do normal”.

Na sequência ele sugeriu como solução a criação de um campeonato disputado apenas por transexuais. O que contraria por completo a inciativa de inclusão de transexuais na sociedade, os colocando em uma espécie de categoria a parte.

Mostrando sua transfobia, de forma repugnante, Giba se referiu a Tifanny apenas no masculino. ” Joguei com ele (SIC) quando ele era homem ainda. Hoje em dia joga com mulheres. Ele foi fazer a cirurgia com 30 e poucos anos”, afirmou o ex-atleta na entrevista.

Além do absurdo escancarando o preconceito ao se referir a Tifanny no masculino, o jogador deu a entender em suas declarações que não considera a atleta mulher. Além disso, ignorou o fato da transição tardia muitas vezes acontecer pela falta de apoio aos transexuais.

Para pior a situação, e usando do mesmo artificio que diversas vezes o entrevistador lança mão, Giba usou uma fake news para continuar mostrando sua transfobia. Ao citar que discussão sobre o tema na Comissão Mundial dos Atletas, a qual preside, afirmou: “Um caso que deu embasamento para que a gente não deixa isso acontecer foi o que aconteceu, se não me engano, em um campeonato de luta. Tipo MMA. Uma menina que fez isso na Bélgica, ela deu uma porrada na cabeça de uma tailandesa e a menina morreu com traumatismo craniano”.

É estarrecedor que o Presidente da Comissão Mundial de Atletas use uma fake news como argumento para cometer transfobia. O site boatos.org, especializado em analisar fake news, mostrou que as atletas citadas nas matérias que embasam o argumento de Giba sequer existem, ou seja, a luta nem teria como ter acontecido.

Outro argumento usado pelo ex-atleta para justificar seu pensamento (prefiro chamar de preconceito mesmo) é que “se uma mulher é pega no doping com testosterona, ela fica quatro anos fora das quadras. E por que isso não é o contrário”. Acontece que o contrário seria homens apresentarem um nível de testosterona acima do permitido, que não é o caso já que falamos de atletas mulheres trans.

Além disso, o (repito) Presidente da Comissão Mundial dos Atletas, “esqueceu” de citar que o Comitê Olímpico Internacional, entidade máxima do esporte, permite que atletas trans participem de competições desde que tenham o reconhecimento civil da transição de gênero e (importante) mantenham o nível de testosterona permitido para o esporte feminino.

Giba falou sobre outros assuntos, incluindo o fato de ter problemas com a justiça por não pagar a pensão dos filhos. Curiosamente ficou de fora da entrevista quando ele foi pego no exame antidoping por uso de machona, já que o entrevistador tem diversas frases de preconceito com usuários de drogas.

A entrevista que foi ao ar no último dia 08/05 não será postada nessa matéria por uma decisão editorial em não promover o canal do youtube onde foi vinculada,

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