Como falamos em matéria recente, desejo e identidade sexual são assuntos amplos. Mas, mesmo em identidades mais conhecidas, é comum ver pessoas rotulando de forma errada determinados comportamentos. Exemplo? Abaixo citamos cinco erros sobre bissexualidade que pessoas cometem com frequência.
Entender e respeitar a bissexualidade não é só necessário para maior conhecimento da sexualidade humana, mas trata-se de uma necessidade urgente para diminuir a bifobia. Tal comportamento leva muito dessa população a ter resultados negativos de saúde mental, inclusive pela intolerância dentro da própria comunidade LGBTI+.
O The Travor Project, organização beneficente de prevenção ao suicídio LGBTI+, lançou um guia de como apoiar a juventude bissexual. Segundo pesquisa da instituição, quase metade dos jovens bissexuais considerou seriamente o suicídio no ano passado e dois entre cada três (66%) relataram sentir-se tristes ou sem esperança por duas ou mais semanas consecutivas no ano passado. Para efeito de comparação, este último índice entre homossexuais foi de 49% e entre heterossexuais de 27%.
Além disso, mais de um em cada três jovens bissexuais relatou ter sido intimidado na escola e um em cada cinco jovens bissexuais relatou ter sido forçado a ter relações sexuais. Esses resultados de assédio, agressão sexual e estupro são particularmente graves para pessoas bissexuais em comparação com seus pares heterossexuais, gays e lésbicas, apontou a organização.
Essas estatísticas enfatizam a necessidade de aumentar a compreensão e o apoio do público aos jovens bissexuais. Esse grupo enfrenta obstáculos significativos e desafios únicos.
Guia do The Travor Project destaca a importância ao suporte dos bissexuais
Erro 1 – Não existe bissexual 100%
Dentre os comentários mais comuns, mesmo dentro da comunidade LGTBI+, é que essa pessoas teriam que “escolher um lado” ou até mesmo que estariam “escondendo sua sexualidade real”.
É comum querer rotular um bissexual por seu relacionamento atual, levando muitos a se sentir excluídos de determinados grupos queer por ser aceito apenas quando estão se relacionando com uma pessoa do mesmo sexo.
Erro 2 – Hipersexualização das mulheres bi
Há uma narrativa que mulheres bi possam fazer isso apenas isso apenas para chamar a atenção dos homens. O machismo presente em nossa sociedade não “consegue aceitar” que uma mulher é capaz de se sentir atraída por homens e mulheres de verdade.
Parte desse comportamento existe por conta da grande exposição a material pornográfico que incentiva essa pensamento. O resultado são as altas taxas de violência e agressão sexual de mulheres bissexuais.
Erro 3 – Homens bi são gays “dentro do armário”
A perseguição a homossexualidade masculina levou muitos gays a viver “dentro do armário” tendo relacionamentos heterossexual apenas para “dar uma resposta à sociedade”. Este comportamento criou um estigma de que qualquer homem que se sinta atraído pelo mesmo sexo é gay.
Mas isso não é verdade, assim como mulheres, os homens deveriam poder expressar e sentir atração por pessoas de mais de um gênero.
Erro 4 – Bissexual é sempre poligâmico
Há quem acredite que como a pessoa tem a capacidade de se sentir atraída por mais de um gênero, ela obrigatoriamente será poliamorosa. Porém, ser monogâmico ou não independe de sua sexualidade e gênero. Uma pessoa de qualquer orientação sexual pode ter qualquer tipo de estrutura de relacionamento e não há uma mais certa do que a outra.
Também é comum ao ver um relacionamento monogâmico envolvendo um bissexual o comentário que ocorre por ganância. É importante ressaltar, então, que pessoas bissexuais são capazes de se envolver em relacionamentos monogâmicos de forma satisfatória.
Erro 5 – Bissexual é o mesmo que pansexual
Por definição, bissexualidade é a orientação sexual caracterizada pela capacidade de atração, seja sexual ou romântica, por mais de um sexo, não necessariamente ao mesmo tempo. Já a pansexualidade é a atração sexual, romântica ou emocional em relação às pessoas, independentemente de seu sexo ou identidade de gênero. A pansexualidade é uma orientação que rejeita especificamente a noção de dois gêneros.
Embora pessoas não binárias possam ser bissexuais, só porque se identifica como não binárias, não significa que tem que usar um rótulo específico para a sexualidade. Não existe um termo de identidade “melhor”, existe apenas o melhor termo de identidade que cada pessoa se define. Por isso, é importante perguntar quais palavras uma pessoa gostaria de usar para se descrever, em vez de supor ou definir
Cada um faça aquilo que se sente feliz. Se a pessoa sente feliz em ficar com homem é mulher pq não ficar? Ninguém tem que rotular nada. Melhor cada um cuidar da sua vida e respeitar a todos, assim teríamos um mundo melhor. Ou será que rotular por falta de coragem de fazer o mesmo?