O debate está em alta nos últimos anos, mas a confirmação de que pessoas declaradamente trans participaram de Tokyo 2020 deu ainda maior visibilidade à pauta. A questão é como o COI irá reagir daqui pra frente e a fala do Diretor Médico e Científico da entidade permite dupla interpretação.
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Segundo o The Guardian, Dr. Richard Budgett, Diretor Médico e Científico do Comitê Olímpico Internacional (COI), afirmou que a ciência mudou e por isso mudanças sobre as regras da participação de trans no esporte devem evoluir, deixando a entender que em breve novidades serão anunciadas.
Embora tenha enfatizado em sua fala que a inclusão continua sendo importante, Budgett afirmou que cada esporte precisa achar o “ponto ideal” entre inclusão, justiça e segurança. Embora a fala seja acertada já que limita as características de cada esporte como ponto decisivo para as regras de inclusão, preocupa por abrir brecha para a exclusão de pessoas trans do esporte competitivo.
Em especial, chama a atenção que quando questionado sobre a proteção do esporte feminino, o diretor afirmou que depende “em particular das federações internacionais garantir que protejam o esporte feminino”. A fala em si não é problemática, pelo contrário. O problema é que veio acompanhada do fato dele achar justo a decisão da World Rugby de banir mulheres trans do nível de elite.
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De qualquer maneira, Budgett fez questão de ressaltar que essa decisão seria só quando a prioridade for a segurança acima da inclusão e fez questão de destacar: “Outra coisa importante a lembrar é que as mulheres trans são mulheres. Você tem que incluir todas as mulheres, se possível”. O problema é a margem de interpretação de quando a segurança e justiça podem sobressair à inclusão.