O inédito aceno por diálogo com a população LGBTI+ na Campanha da Fraternidade deste ano não foi bem recebida por todos os católicos. Um grupo mais conservador está atacando a iniciativa e até mesmo boicotando a campanha de arrecadação para projetos sociais.
A Campanha da Fraternidade é uma tradição católica desde a década de 60, promovida no período da quaresma, para arrecadação de dinheiro para o Fundo Nacional de Solidariedade. Este por sua vez é responsável por distribuir o dinheiro para projetos sociais relacionados ao tema de cada edição.
Desde 2000, a cada cinco anos a campanha é feita convidando outras igrejas cristãs. Desta forma, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divide a organização com o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). É o caso da ação este ano.
Com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, a Campanha da Fraternidade de 2021pela primeira vez dialoga com a comunidade LGBTI+, ao incluir a violência direcionada a este grupo. Em um parágrafo do manual está escrito “Outro grupo que sofre as consequências da política estruturada e da criação de inimigos é a população LGBTQI+”, ao lado de ” esses homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis”.
Foi o suficiente para católicos conservadores argumentarem que sobra militância e falta religiosidade no documento oficial. Mesmo antes do lançamento oficial, que só acontece na próxima quarta (17/02), a Campanha da Fraternidade está sofrendo ataques ferozes nas redes sociais, inclusive com a proposta de não doação este ano.
O movimento está ganhando força com a adesão de influenciadores de extrema direita, como Olavo de Carvalho, que está usando suas redes sociais para atacar a Campanha da Fraternidade e a CNBB.
Na terça passada (09/02), a CNBB divulgou carta sobre o assunto e pode ter causado ainda mais estrago ao usar o termo “menos católico” se referindo a Campanha da Fraternidade de 2021 e afirmar ainda que “não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”.
Enquanto parceria acenar para a causa LGBTI+ com a campanha, a CNBB na resposta deixou claro seu pensamento sobre as questões de gênero ao afirmar que “deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo”. Por fim, afirma que os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade seguem rigorosa orientação e que “os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”.
Esse tipo de “amor excludente” de alguns católicos que se autodenominam conservadores (do quê eu não sei) é um show de horror. Deve ter brotado de uma das tentações que Satanás teria feito a Jesus.