Alardeado como uma “conquista” para a comunidade LGBTQIA+ em notas que pipocaram em colunas sociais, a aprovação de um casal lésbico no Country Club do Rio não tem nada para ser celebrado.

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Não é de se espantar que as notas que celebraram o fato tenham sido escritas por jornalistas que não vivenciam a realidade da comunidade LGBTQIA+. O tom efusivo e sem nenhuma crítica a fala de uma das pessoas aceitas (sim, aceita) pelo clube revela muito sobre como a diversidade e inclusão para muitos ainda é apenas uma grande festinha em tom de politicamente correto.

A inclusão de pessoas LGBTQIA+ em qualquer espaço deve ser celebrada, porque lutamos muito para conquistar direito de acessar o espaço que quisermos. Mas neste caso específico não há nada para comemorar.

Primeiro é preciso falar ainda sobre o fato de em 2021 pessoas se submeterem a aprovação de seus pares para poder ter o direito de pagar um valor alto para frequentar um clube. Sim, não basta ter dinheiro para entrar nessa bolha. É preciso ser aceito pelos demais. O que eles tanto temem com a entrada de novos sócios do clube? Quais os critérios para aprovação?

Depois é preciso destacar que não houve na votação unânime nenhuma ideologia de inclusão. Uma das pessoas aceitas frequenta o clube desde que nasceu e se submeteu a análise dos seus pares, que há muito já a conhecem, para poder ser aceita. Ali era apenas a rica, branca, cis sendo aceita. Em nenhum momento o fato de ser um casal lésbico no country club pesou na decisão.

Por isso mesmo, não há como celebrar a inclusão no Country Club. Afinal, estamos falando de um clube que de inclusivo não tem nada. Acreditem, mesmo com dinheiro, se não tiver berço ou uma boa campanha a seu favor, não poderá frequentar a piscina de frente pra praia. Pois é, o fato do clube estar em frente a praia (certamente um espaço mais inclusivo) e seus frequentadores preferirem se isolar na piscina murada fala muito por si só.

Para completar a lista de absurdos esquecida pelas notas efusivas sobre a aceitação do casal lésbico no Country Club do Rio, a empresária Maria Geyer se vestiu de todo seus privilégio para dizer que “não levanta bandeira”. Celebrou a votação unânime, talvez pelo ego inflado de não ter um voto contra. Usou a comunidade LGBTQIA+ para ser nota nos veículos de imprensa celebrados por seus pares. Mas para por aí! Não quer incomodar os frequentadores do clube levantando questionamentos. Lamentável!

Enquanto ela e sua família continuarão aptas a frequentar a piscina do clube, devidamente murada para não ver e nem ser vista pela pobreza do lado de fora, que muitos dos seus pares ajudam a perpetuar, no Brasil de verdade continuamos sendo o país que mais mata pessoas pessoas trans no mundo.

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