Se na campanha eleitoral Bolsonaro disse que o Conselho de Direitos Humanos da ONU não servia para absolutamente nada, agora o Brasil se candidatou a reeleição para um dos assentos no triênio de 2020 a 2022. O fato poderia ser motivo de comemoração, não fosse a carta de compromissos enviada à comunidade internacional ter verdadeiros absurdos.
O documento apresenta 21 compromissos brasileiros, mas omite termos como gênero, combate à tortura, direitos reprodutivos das mulheres e combate à desigualdade e a pobreza. Na carta, o governo brasileiro destaca querer participar dos trabalhos do órgão “evitando a politização”.
No documento de dez páginas enviado pelo governo brasileiro não há NENHUMA menção a direitos dos LGBTs. No tópico sobre o tema a candidatura brasileira se limita a falar de forma genérica que “reitera a determinação de combater todas as formas de violência e discriminação”. O texto não traz nenhum ação de inclusão dos LGBTs na comunidade.
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Na manhã de ontem (11/07), em sua conta no twitter o presidente disse que as principais pautas do governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU estarão ligadas ao “fortalecimento das estruturas familiares e a exclusão das menções de gênero”. Para piorar, durante café da manhã com parlamentares da bancada evangélica, Bolsonaro afirmou que o Ministério da Relações Exteriores vai adotar os termos “pai” e “mãe” nos passaportes, em um retrocesso inimaginável no requerimento do documento.
Em nosso passaporte, nós estamos acabando com a história de genitor 1 e genitor 2. Estamos botando os termos pai e mãe.
Bolsonaro em café da manhã com parlamentares da bancada evangélica
Mas não somente as questões LGBT ficaram de fora do documento. O país não trata entre seus compromissos sobre direito reprodutivo das mulheres, já que na visão do atual governo a pauta promove o direito ao aborto. Porém, a discussão do assunto também fala de temas como acessoa a métodos contraceptivos e prevenção de DSTs. Ao tratar de direitos indígenas, a candidatura brasileira não se compromete em fazer novas demarcações de terras, tampouco a manter as áreas já demarcadas.