Uma pesquisa divulgada pela Glaad mostrou que ainda há muito estigma sobre o HIV. Apesar de mais da metade ter dito que se sente bem informado sobre, algumas respostas mostraram o contrário.
A consciência de que ainda há muito preconceito sobre pessoas HIV+ é alta. Quase nove em cada dez entrevistados (89%) afirmam acreditar que ainda há estigma sobre HIV. Ainda, 88% acreditam que há um rápido julgamento da pessoa quando se descobre que ela é soropositiva.
Para Márcio Rolim, criador do canal Bee40tona, isso é explicado pelo fato de quem não tem HIV não imergir em questões estruturais. “A gente que tem HIV passa a vida explicando sobre pros outros, mas ainda sim eles se recusam a se aprofundar mais”, comenta.
O julgamento fica caracterizado inclusive quando perguntados sobre se sentir confortável e julgamento de pessoas HIV+ em determinadas situações. Impressionantes 56% de não LGBTs e 45% de LGBTs se disseram desconfortáveis em ter contato com um profissional de saúde que seja soropositivo.
Se a preocupação para muitos “seria justificável” pela possibilidade de contato sanguíneo (o que é não remota com o uso dos materiais de proteção e zero quando o profissional está indetectável), o fato de 34% de não LGBTs e 29% de LGBTs se sentirem desconfortáveis com um professor HIV+ mostra o quanto o preconceito ainda está presente.
O medo ainda permeia a convivência. O mito ainda vem da base, da educação. Muito disso porque sexo é tabu. Não pode ser dito, não pode ser falado. As pessoas não conversam em casa sobre HIV.
Márcio Rolim fala sobre a importância de falar sobre HIV
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Chama a atenção ainda outro estigma do HIV. Quase seis entre cada dez entrevistados (59%) acreditam que é preciso ter cuidado com soropositivos para não pegar a doença, mesmo que hoje já sabemos que indetectáveis não transmitem.
Outro dado que chamou nossa atenção e explica muito da solidão de pessoas HIV+ é que 51% de não LGBTs e 40% de LGBTs se disseram não confortáveis em ter uma relação com soropositivos. Para Daniel Lima, soropositivo e criador do documentário e e-book “Positivei”, isso fica mais evidente quando as pessoas conseguem se mascarar, como em um aplicativo de pegação, por exemplo.
Ainda, 31% de não LGBTs e e 29% de LGBTs se sentem desconfortáveis até mesmo em ter um membro da família; e 30% dos não LGBTs e 27% de LGBTs quando é um vizinho. “Até amigos meus foram questionados só por interagir comigo se são HIV+”, comenta Daniel.
O peso de viver com HIV é o peso social. O preconceito, a rejeição, o medo de não se relacionar mais.
Daniel Lima fala sobre a solidão do HIV+
Essa foi a primeira pesquisa feita sobre o estigma do HIV e entrevistou 2.500 americanos acima de 18 anos.