A Itália assumiu nos últimos dias o destaque no noticiário mundial. Apesar dos Estados Unidos ser atualmente o país com maior quantidade de casos confirmados de Covid-19 (216.362 até o momento em que essa matéria foi escrita), o país europeu é o que tem o maior número de mortes até o momento (13.155 até o momento que essa matéria foi escrita).
Um dos mais importantes sites de notícias LGBTQ+ do mundo, o Advocate fez uma entrevista com Gabriele Piazzoni, secretário geral da Arcigay, maior organização LGBTQ+ do país. Morador dos arredores de Bergamo, região epicentro da pandemia no país e que ficou mundialmente conhecida pelo filme “Call Me By Your Name”, Gabriele revela o drama dos italianos e levanta uma importante questão para a saúde mental da população LGBTQ+ durante o isolamento social.
Apesar de não ter familiares contaminadas pelo novo coronavírus, Gabriele revela que o sentimento geral da população é de profunda tristeza e que, pessoalmente já perdeu dois amigos para a Covid-19. Ele afirma ainda que as imagens do caos no sistema hospitalar são verdadeiras e que amigos que trabalham na área de saúde revelam escassez de equipamentos, forçando os médicos a estabelecer critérios de prioridade para quem utilizarão as máquinas respiratórias.
Gabriele deixa claro que é preciso o isolamento social para frear a disseminação do vírus, mas alerta para a preocupação da saúde mental da população, em especial a comunidade LGBTQ+. Na entrevista, demonstra preocupação com o fato de muitos morarem sozinhos e com os jovens que moram com famílias onde não se sentem confortáveis para “sair do armário”. Para Gabriele a maior preocupação é com as pessoas que vivem com famílias homofóbicas, transformando o período de quarentena em uma verdadeira prisão.
Embora estejamos fechados em nossas casas, não estamos sozinhos.
Gabriele Piazzoni falando sobre a necessidade de cuidar da saúde mental e a solidariedade na quarentena.
Ele acredita que é necessário todo esforço para dar suporte a essas pessoas e a Arcigay está trabalhando para através das mídias sociais dar suporte a comunidade LGBTQ+. Ele destaca também que a quarentena tem feito surgir movimentos de solidariedade. Algumas pessoas ajudam outras que não podem sair indo ao supermercado e trazendo comida para elas, por exemplo. Gabriele lembra ainda que temos mais tempo livre para ligar para nossos amigos e perguntar sobre suas vidas e saúde.
Por fim, Gabriele acredita que a pandemia do novo coronavírus mudará significativamente o mundo. Afetará nossas interações e relações sociais, nossas economias e a maneira como vemos o mundo. Para ele, a Covid-19 é um ponto de virada na nossa história.
Foto: Reprodução instagram