Apesar do atual residente da Casa Branca relutar, fato é que no próximo 20 de janeiro teremos um novo comandante nos Estados Unidos. A mudança de linha será visível em diversos aspectos. Mas, o que os LGBTs podem esperar de Joe Biden presidente?

Prever o que acontecerá na futura administração é impossível. Mas podemos definir uma linha de pensamento sobre os direitos da comunidade LGBTI+ a partir do histórico de Biden. Apesar de nos últimos anos Biden ter sido importante para a causa LGBTI+, o histórico do futuro presidente dos Estados Unidos nem sempre foi simpático aos anseios da nossa comunidade.

Muitos consideram o marco da mudança de pensamento de Joe Biden em relação aos direitos LGBTI+, quando em 2012 se tornou o democrata mais graduado a apoiar publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A entrevista a uma TV americana abriu caminho para que, dias depois, o então presidente Obama assumisse a mesma posição.

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Mas nem sempre Biden pensou desta maneira. Em 1996 votou pela Lei de Defesa do Casamento (DOMA), que definia o casamento como entre homem e mulher. Até mesmo em sua campanha a vice-presidência dos Estados Unidos se recusou a apoiar a igualdade no casamento. Questionado na época de enxergava a possibilidade de casamento entre pessoas do mesmo sexo ser legalizada nos 5 anos seguintes, respondeu de forma curta; “Eu não”.

Biden nunca explicou o que levou a mudança de pensamento a respeito, levando alguns opositores a sugerir que teria sido uma conveniência política (lembrando que ele será o segundo presidente católico dos Estados Unidos). Porém, Pete Buttigieg, pré-candidato democrata assumidamente gay, acredita que não haveria pressão para tal mudança na época e chega a creditar à Biden alguns avanços dos direitos para comunidade LGBTI+ nos Estados Unidos.

Há uma razão para pensar que o tempo para aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo se deu de forma mais rápida na Casa Branca por causa dele. Acho que não devemos tirar esse crédito.

Pete Buttigieg, pré-candidato democrata assumidamente gay, fala sobre apoio de Biden ao casamento entre pessoas do mesmo sexo

É fato que Biden e Obama formaram a dupla presidencial que mais promoveu a igualdade LGBTI+ na história dos Estados Unidos. Seus apoiadores lembram que Biden aprovou uma dúzia de projetos de lei em torno dos esforços de prevenção de crimes de ódio, incluindo um em homenagem a Matthew Shepard, o homossexual de Wyoming espancado até a morte em 1998.

Ele também tem a marca de ter sido um defensor importante da causa trans. Uma semana antes da eleição de 2012, Biden disse para uma mãe de uma criança trans que a transfobia é “a questão dos direitos civis do nosso tempo”.

Ele tem apoiado as pessoas LGBT há algum tempo. em última análise, quando olhamos para todo o seu histórico, ele tem um histórico muito forte de apoio à igualdade LGBT.

Alphonso David, presidente da president of the Human Rights Campaign

A mudança em relação ao posicionamento a respeito do casamento igualitário parece ter sido mesmo um divisor de águas na relação de Biden com os direitos LGBTI+. A Biden Foundation fez da igualdade LGBTI+ um dos pilares, apresentando uma das campanhas presidenciais mais progressistas da história das eleições norte-americanas. Algo surpreendente se levarmos em consideração o histórico inicial da sua vida pública.

Biden se tornou senador em 1979, um ano após o assassinato de Harvey Milk e se opôs veementemente aos direitos homossexuais. Em 1992 votou pelo bloqueio de uma emenda que implementaria um sistema de coabitação de parceiros do mesmo sexo. Em 1993 votou para bloquear a imigração de pessoas soropositivas para os Estados Unidos e votou em “Não pergunte, não diga”, responsável pela expulsão de 14.500 membros LGBTs das forças militares. Em 1994 votou por uma emenda para cortar o financiamento federal para escolas que ensinavam “aceitação da homossexualidade como estilo de vida” e dois anos depois votou a favor da DOMA.

São 25 anos desde sua votação no DOMA. Mas, não acho que alguém possa definir Joe Biden por meio de um voto tão antigo, quando ele literalmente passou mais de uma década defendendo os direitos LGBTI+

Chad Griffin, ativista e consultor político

Fato também que, com a mudança de pensamento, ele agora é o primeiro presidente norte-americano que assume a Casa Branca com uma posição de apoio ao casamento entre pessoas do mesmo. Ele prometeu ainda aprovar a Lei da Igualdade em seus primeiros 100 dias como presidente, lançando uma legislação histórica que proibirá a discriminação no emprego, habitação, educação, financiamento federal, crédito e sistema de jurídico.

Descrevendo seu apoio à comunidade LGBTI+, Biden relembra sua história quando viu dois homens se beijando. “Joey, é simples. Eles se amam”, respondeu seu pai ao questionamento do filho.

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