O estudo anual “Getting to Equal” da Accenture mostrou que apesar de um terço (31%) dos empregados LGBT se assumirem completamente em seu ambiente de trabalho, quando o recorte é de líderes LGBTs o número cai para apenas um quinto (21%).
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Um líder que fala abertamente sobre sua orientação sexual passa uma mensagem para a equipe que aquele é um ambiente seguro para que as pessoas sejam elas mesmas.
Ricardo Sales, sócio da consultoria Mais Diveridade
Mas, para Fê Maidel, Diretora de Empregabilidade, Qualidade e Certificação da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, o que chama mais a atenção é que a esmagadora maioria ainda nãos e sente confortável para se assumir no trabalho. “Se observarmos, 69% dos empregados e 79% dos líderes LGBT não se assumem completamente. Existe um medo real de perder o emprego ou perder fluidez no trabalho”, analisou.
Tanto que existe a percepção de quase dois terços (57%) dos entrevistados, em 26 países, que acreditam que sua identidade de gênero ou orientação sexual prejudicaram sua progressão de cargos. Apesar disso, mais de dois quartos (27%) dos empregados LGBT desejam chegar a cargos de liderança. O número é maior do que os outros empregados (24%).
Ao ocupar um cargo de liderança e falar abertamente de sua sexualidade, os líderes LGBT estarão ajudando a criar um ambiente mais inclusivo. Segundo a pesquisa, 71% dos LGBTs consideram importante “ver pessoas como eu” nos cargos mais importantes da empresa.
Ricardo Sales destaca que um estudo da OUTnow mostra que uma pessoa tem 50% mais chance de sair do armário quando seu líder também é LGBT. Segundo o especialista em um ambiente de segurança psicológica, que é ditado pelas lideranças da empresa, as pessoas têm uma confiança maior que podem ser elas mesmas.
Há ainda um gap enorme entre o que os líderes acreditam que estão fazendo para tornar a empresa inclusiva e a percepção de seus colaboradores. Apesar de 68% dos líderes acreditarem que criam ambiente nos quais os funcionários podem ser eles mesmos, apenas 14% dos LGBTs se sentem completamente apoiados por seu empregador.
Me parece que os líderes não estão fazendo a lição de casa. Não estão indo na outra ponta e vendo se de fato a ação acolhe. Que olhar é esse que o líder acredita que está lançando sobre o seu liderado que não está fazendo efeito?
Fê Maidel explica a importância que as ações criadas pelas lideranças tenham efeito real junto aos colaboradores.
Falar abertamente sobre todos os assuntos, mostrando abertura para dialogar sobre os mais variados temas, e criar espaços e momentos com a equipe para conhecer seus colaboradores para além das atividades profissionais são maneiras de conseguir ter um melhor resultado na prática, segundo Ricardo Sales.
“Se colocar no que chamamos de uma posição de vulnerabilidade também é importante”, afirma. Para ele, o líder falar sobre si, compartilhar com a equipe suas inseguranças, se humanizar é fundamental para construir vínculos que seja sólidos.