O Brasil estreou com vitória por 3×0 sobre a Bolívia na Copa América, ontem no Estádio do Morumbi. Mas o que era pra ser uma noite apenas de festa, acabou machada pelos gritos homofóbicos vindos da arquibancada. Desde os primeiros minutos da partida, toda vez que o goleiro adversário ia bater o tiro de meta, a torcida gritava “Bicha”.
Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) criminalizou a homofobia, comparando ao crime de racismo, o fato lamentável ocorrido no jogo de ontem foi uma bola fora. O ambiente machista do estádio de futebol assusta muitas mulheres e LGBTs. Manter um comportamento como este só piora as coisas.
Essa não foi a primeira vez que o Estádio do Morumbi presenciou a cena, assim como em outros jogos envolvendo a seleção brasileira já houve casos similares. Durante as Eliminatória da Copa da Rússia, em 2017, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) chegou a ser punida pela Federação Internacional de Futebol Amador (FIFA), entidade máxima do futebol, por gritos homofóbicos da torcida brasileira. Na época a entidade foi advertida e multada em cerca de R$ 500 mil reais.
Mas, parece ter ficado claro que a punição não adiantou. Além do valor irrisório da multa (o jogo de ontem, por exemplo, teve renda de R$ 22.4 milhões), o torcedor não sente no próprio bolso a medida. Por isso, está na hora de pensar em nova maneiras de punir esse tipo de comportamento. Levando em fato que a torcida brasileira é reincidente, medidas como valor mais alto para a multa, perda do mando de campo em partidas oficias e até suspensão de competições internacionais devem entrar em pauta.
Medidas drásticas parecem ser as únicas que poderão efetivamente mudar o comportamento da torcida. Enquanto a punição não afetar de forma direta o torcedor, dificilmente haverá uma mudança de pensamento. Durante a transmissão da partida, o narrador da TV Globo, Galvão Bueno chegou a comentar a responsabilidade do torcedor.
O torcedor tinha que tomar consciência que ele tem que seguir as questões de ética, de respeito e o regulamento estabelecido
Galvão Bueno fala sobre gritos homofóbicos durante a estreia do Brasil na Copa América
Alguns veículos de comunicação repercutiram os gritos homofóbicos na estreia da seleção brasileira na Copa América, mas os comentários dos leitores provam que ainda é preciso evoluir muito. Vale lembrar que a criminalização da homofobia no STF se deu pela equiparação ao crime de racismo. O futebol constantemente se vê envolvido também em polemicas por gritos racistas de torcedores, porém este comportamento é recriminado com maior força. A aplicação da equiparação entre racismo e homofobia é didática para mostrar que, assim como no primeiro caso, condutas homofóbicas por parte da torcida devem ser recriminadas por todos.