O ano de 1995 registrou um dos mais famosos casos de assassinato gay dos Estados Unidos. Pela primeira vez na história a teoria de “pânico gay” foi usada em julgamento para justificar o ato. Agora, a série documental Netflix “Condenados pela Mídia” traz um episódio dedicado ao caso.
Intitulado “Talk show e assassinato”, o episódio de 63 minutos conta a história da morte de Scott Amedure, gay de 32 anos. Ao longo do documentário é mostrada toda a história do julgamento que marcaria outros casos semelhantes.
Três dias antes de ser morto, Scott participou do programa sensacionalista “Jenny Jones Show”. No programa (assista abaixo o vídeo), ele se declara para seu amigo Jonathan Schmitz, com então 24 anos, que foi ao programa que tinha sido convidado para encontra com uma ex-namorada que queria voltar com ele. O episódio específico do programa nunca foi ao ar, mas as imagens de Schmitz rindo da paixão de Amedure foram distribuídas para as redes de notícias.
No dia do assassinato, Jonathan recebeu um bilhete sexualmente carregado de Scott em sua porta. Ele então comprou uma arma e foi a casa de Amedure para confrontá-lo. Depois de atirar duas vezes no peito do amigo, o próprio Jonathan ligou para o serviço de emergência para confessar o assassinato.
Ao ser questionado pelo operador do 911 a motivação do crime, Jonathan respondeu: ” Ele jogou um coisa muito ruim em mim. Me levou ao Jenny Jones”. Este foi o gancho para a sua defesa alegar “pânico de gay” como justificativa para o assassinato.
No tribunal ouviu que Schmitz era maníaco-depressivo e ficou a noite anterior acordado bebendo e fumando maconha. Seus advogados alegaram que ele ficou emocionalmente estável, gerando uma espécie “pânico de gay”.
O caso se tornou importante porque até hoje, mais de duas décadas depois, o uso do de “pânico de gay”, argumento que um homem heterossexual matou um gay pela vítima ter realizado uma abordagem sexual indesejada, é utilizado em tribunais para defender criminosos.