O público gay não deve marcar muita presença nas duas próximas edições da Copa do Mundo da Fifa. Em sequência, Rússia e Qatar receberão o mundial de futebol e ambos países não são friendlys e até mesmo são referência em casos de homofobia. Enquanto na Rússia existe uma lei que proíbe “propaganda gay”, no caso do país árabe é ainda mais grave, onde os gays podem por lei ser presos. Mesmo gerando controvérsia internacional, a entidade máxima do futebol – Fifa – não levou tais questões na escolha dos países sede das duas próximas Copas do Mundo.
Recentemente a Fifa e o Comitê Organizador da Copa da Rússia responderam ao questionamento da Folha de São Paulo sobre a manifestação de torcedores com símbolos ligados a causa LGBT. Apesar de garantir que não haverá nenhum tipo de punição para quem exibir esses símbolos em estádios da Copa do Mundo ou nas Fan Fests, ressaltam que “podem rejeitar as que não seguirem o padrão de tamanho” e que “se forem exibidas junto com algum tipo de mensagem, avaliaremos o caso”. O problema é que os casos de ataques homofóbicos são comuns no país, até mesmo na capital Moscou.
Defensores da causa LGBT acreditam que não haverá nenhum tipo de problema durante o período da Copa do Mundo, embora indiquem cautela na demonstração de carinho em público (clique no link para ler matéria sobre a ida de torcedores gays para a Copa da Rússia). Mesmo assim criticam que mais um grande evento passará pelo país sem que exista algum tipo de pressão para a mudança na lei que desde 2013 proíbe a chamada “propaganda gay” no país. Desde que a lei foi criada o país já recebeu uma edição de Jogos Olímpicos de Inverno e enfrentou uma série de protestos de atletas internacionais. Em um esporte machista como o futebol, porém, é pouco provável que haja algum tipo de manifestação por parte dos jogadores.
No caso da Copa do Mundo do Qatar, em 2022, ainda não há um pronunciamento oficial sobre o Comitê Organizador local. Diferente da Rússia, onde o relacionamento de pessoas do mesmo sexo não é crime (embora isso não garanta vida tranquila aos gays), por ser um país muçulmano o Qatar proíbe homossexualidade masculina, com prisão de 1 até 3 anos. O país chegou a se juntar com outros do Oriente Médio, em 2013, para criar um teste para proibir a entrada de estrangeiros gays no país.
Em 1995 um turista americano foi condenado a seis meses e 420 chicotas por atividade homossexual. O código penal do Qatar gerou enorme debate na época da escolha do país como sede da Copa do Mundo. Um membro do parlamento holandês, Richard de Mos, chegou a sugerir que a seleção holandesa jogue de cor de rosa, ao invés da tradicional cor laranja, como forma de protesto.
Minha experiência nos dois países
Já estive na Rússia duas vezes e apesar de não ter presenciado nenhuma cena de homofobia, mesmo estando em Moscou me pareceu claro que não é uma situação confortável. Existe night gay, mas a sensação é que funciona meio que de forma clandestina, como se as pessoas fingissem que não sabem que existe por ali.
No Qatar estive esse ano, viajando com meu marido. Não tivemos nenhum problema, mas por saber da lei do país evitamos qualquer tipo de demonstração de carinho. Ainda, apesar de dividirmos o mesmo quarto de hotel isso causou um certo estranhamento na hora do check-in.
Minha opinião pessoal é que o torcedor não terá problemas por se tratar de um período de uma competição internacional importante, com jornalistas do mundo inteiro nos países cobrindo o evento. Contudo, não será uma situação confortável.