Era 1992 quando Jerry Mitchell, famoso coreógrafo e diretor da Broadway, sentiu que era preciso fazer algo para ajudar a epidemia de HIV que assolava a cidade de Nova York. Foi então que surgiu o Broadway Bares, show de strip da Broadway.

A primeira edição foi pequena. Jerry juntou seis amigos e fizeram um show sexy no Splash, bar gay do Chelsea. Mas o sucesso já foi enorme com a apresentação única tendo que virar duas noites tamanho a procura do público. “Planejamos apenas fazer um show, mas havia uma fila ao redor do quarteirão”, lembra Mitchell em entrevista na The Advocate. Naquele ano foram arrecadados US$ 8 mil para a luta contra a AIDS.

As edições seguintes foram se tornando maiores a cada ano, com um grandioso show de strip da Broadway com uma superprodução burlesca. Ao todo o Broadway Bares arrecadou US$ 21.2 milhões.

Quando eu criei o Broadway Bares não tinha idéia de qual seria a resposta. Eu apenas sabia que tinha que fazer alguma coisa.

Jerry Mitchell lembra como criou o show de strip da Broadway

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O sucesso para que o evento continue crescendo a cada ano é o apelo sexual, segundo o próprio Jerry analisa: “Obviamente, o sexo vende”. Segundo ele, mesmo com a melhor da intenções, alguns eventos filantrópicos costumam perde importância com o tempo. “Os atores usam o corpo, usam o talento para fazer a diferença, que foi o que eu fiz no primeiro”, explica Mitchell.

Mas em especial o ano de 2020 foi um desafio. Não só por ter que levar o Broadway Bares para uma versão online (confira o evento na íntegra no final da matéria), com imagens de anos anteriores mescladas com apresentações exclusivas gravas na casa dos participantes deste ano, mas também pelo desafio que todos estão passando com o fechamento dos teatros da Broadway por conta da pandemia do novo coronavírus.

Estamos acostumados a encerrar shows e conseguir outro emprego, mas isso é muito maior. Este é um grande intervalo. Agora isso está se transformando em um intervalo de um ano para todos em nossa indústria e isto é drástico.

Jerry Mitchell fala sobre o momento atual da Broadway com os teatros fechados

Isso impacta de forma direta até mesmo as arrecadações para Broadway Cares/Equity Fights AIDS. É que além do show de strip da Broadway anual, doações são encorajadas ao término de cada espetáculo na Broadway. “É por isso que, de alguma maneira, foi tão importante fazer as Broadway Bares este ano”, sentencia Jerry.

A pandemia da Covid-19 o fez ainda reviver o passado: “No começo (da pandemia da Covid-19) pensei muito sobre a Broadway Bares e sobre os amigos que perdi (na epidemia do HIV)”. Mitchell cita a morte de Terrence McNally, um dos primeiros mortos pela Covid-19 no universo da Broadway, com quem trabalhou algumas vezes.

Quando perdemos Terrence, pensei: OK, isso é sério. Pensei em todas as pessoas que perdi nos estágios iniciais do HIV e me perguntei como conseguir que as pessoas entendessem os paralelos.

Jerry Mitchell fala sobre a pandemia da Covid-19

O único trabalho de Jerry que está ativo é a preparação para Kinky Boots na Coréia do Sul. “Eles controlaram o vírus muito rapidamente e tinham uma grande liderança e agora podem ir ao teatro”, comenta Mitchell.

Na sequência ele faz uma importante pontuação: “Poderíamos ter tomado outro caminho (na resposta a pandemia da Covid-19), e isso é realmente o que mais me chateia e me irrita. Por isso que é tão importante que todos se certifiquem de que votem” (nos Estados Unidos o voto não é obrigatório).

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