Como Vaticano no coração de sua capital Roma, a Itália tem forte influência da Igreja nas decisões políticas do país. Não está sendo diferente agora, quando religiosos tentam impedir uma lei para combater a LGBTfobia no país.

Esta não é a primeira vez que há uma tentativa de aprovação de lei no parlamento italiano para combater os crimes de ódio e a discriminação contra a comunidade. Mas todas as outras foram barradas por políticos, sob forte influência religiosa.

A nova proposta segue a linha de decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro que fez a equiparação da LGBTfobia ao crime de racismo. A proposta ganhou força depois de diversos ataques recentes no país contra a pessoas LGBTI+.

Alessandro Zan, ativista e legislador na Câmara dos Deputados da Itália redigiu o projeto de lei. Mais de 58 mil italianos já assinaram uma petição online para que a lei para combater a LGBTfobia. Mesmo assim, uma pesquisa da Agência Europeia de Direitos Fundamentais mostrou que 62% dos LGBT + italianos evitam dar as mãos em público. Além disso, 30% não vão a determinados locais por medo de ataques.

Mas, além da oposição de alguns parlamentares, o projeto de lei para combater a LGBTfobia enfrente resistência entre líderes religiosos. Embora o Papa Francisco não tenha se pronunciado a respeito, a Brothers of Italy, que representa os bispos italianos, mostrou oposição e chegou a dizer que se aprovada, a lei seria a “morte da liberdade”.

Um padre da região de Puglia fez uma vigíla para orar pelo fracasso da lei. Outro da Sicília afirmou durante um sermão que “se você expressar uma opinião contra os homossexuais, ou não concordar com dois homens adotando uma criança, você pode acabar na prisão”. Jacopo Coghe, presidente da organização conservadora Pró Vida e Família, usa os mesmos argumentos dos religiosos para afirmar que a lei busca “impor uma certa cultura”.

É importante ressaltar que, se aprovada, a lei para combater a LGBTfobia representará um grande avanço no país. O mapa anual do arco-íris da Europa classificou a Itália como o pior país da Europa Ocidental e um dos piores do sul da Europa para os direitos LGBTI+.

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