A prevenção ainda é o melhor remédio quando falamos de HIV, mas é preciso falar da realidade de quem é HIV+ também. Não há dúvida que informação é fundamental, seja para prevenção ou para diminuir o estigma.
Pensando nisso, no Dia Mundial da luta contra a AIDS, Daniel Lima usou seu twitter para tirar as principais dúvidas a respeito. Ele que já fala diariamente sobre o tema, resolveu colocar os principais pontos de forma didática.
1° De Dezembro. A seguir, algumas informações importantes pra você também lutar contra o preconceito!#DezembroVermelho#PrecisamosFalarSobreIsso#MovimentoPositHIVo pic.twitter.com/rBHc6j5BqV
— Dia Mundial de Combate A AIDS (@euTSUDANI) December 1, 2020
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A primeira é talvez a mais básica. Diferenciar HIV e AIDS parece algo que todos sabem em 2020, mas a realidade não é essa. HIV é o nome dado ao vírus apenas, quem vive com HIV não necessariamente vive com AIDS. Este é o nome do estágio de infecção aguda, quando aparecem outras doenças oportunistas.
Parece uma informação que todos sabem, mas não é difícil encontrar pessoas que confundem os dois.
Daniel Lima explicando que muita gente não sabe nem o básico, como a diferença entre HIV e AIDS
Outra dúvida que parece inacreditável hoje em dia é se beijo na boca transmite. Acreditem, ainda tem muita gente que acha isso possível. Daniel explicou de forma detalhada que para retransmissão do vírus é necessário que fluído corporal – como leite materno, sêmen ou sangue – entre na corrente sanguínea do outro indivíduo com nível viral e tempo curto suficientes para causar uma nova infecção.
Sobre o tratamento, o termo “coquetel” ficou bastante conhecido. Porém ele lembra que isso era usado no início do tratamento. “Com o avanço da medicina nas últimas décadas, o que eram vários comprimidos, hoje tornaram-se um ou dois, diariamente, dependendo do tratamento adotado. Chamar de coquetel nem faz mais sentido”, escreveu.
O Brasil é exemplo mundial no tratamento oferecido pelo SUS. Daniel destacou que em qualquer posto de saúde do Brasil você pode ser encaminhado pra fazer o teste rápido. Ainda, em algumas cidades, até o autoteste é distribuído pelo Sistema Único de Saúde. Daniel lembrou que desde 1996 o tratamento para pessoas vivendo com HIV é fornecido pelo SUS de forma simples e gratuita.
Termos e tratamentos mais recentes, PrEP e PEP ainda causam muita dúvida entre as pessoas. O PrEP funciona como prevenção antes da exposição e a PeP pra depois da exposição. Daniel fez questão ainda de ressaltar que quem adere corretamente ao tratamento fica com o nível de vírus tão baixo que não é mais detectado nos exames e não tem força para causar novas infecções em outros parceiros. É o chamado Indetectável = Intransmissível.
Outro assunto bem delicado não ficou de fora da postagem no twitter. A Sorofobia é qualquer tipo de aversão à pessoa que vive com HIV ou AIDS, seja por desinformação, por não querer se relacionar ou por comentários maldosos de qualquer natureza.
É então que Daniel entrou em um tema que é dúvida de muitas pessoas que vivem com HIV: Como e quando contar ao parceiro sobre? Este assunto virou até um debate em uma matéria que fizemos.
Não tem uma fórmula! Mas lembre-se que contar ou não e o momento disso acontecer é pessoal e só você pode decidir isso.
Daniel Lima compartilha seu pensamento sobre como e quando contar ao parceiro sobre ser uma pessoa vivendo com HIV
A partir do momento que a informação foi compartilhada, Daniel indica: “a saúde sexual de vocês dois e decidam como essa relação vai seguir. Esse momento foi muito delicado e exigiu uma grande batalha interna: pode ter sido ensaiado por semanas. Cuidado pra não diminuir a importância desse momento, pois pra você isso não muda nada”.