A militância não para! Quem nunca leu isso ou algo similar nas redes sociais? Tirando os exageros em alguns casos, essa constatação pode significar que a comunidade LGBTI+ está mais alerta. Mas todo gay deve ser militante?

Há quem defenda que os militantes “cansam”. Mas isso seria alguns militantes ou os militantes em geral? Afinal, em um grupo perseguido como a comunidade LGBTI+ não é importante que a militância esteja alerta? Mais do que isso, todos nós não deveríamos ser militantes? Para o ativista Eliseu Neto, não há muito como não sermos.

Nossa existência é ativista. Todo mundo não é obrigado a sair do armário, por exemplo. Mas se todos saíssem seria maravilhoso.

O ativista Eliseu Neto lembra que de alguma forma toda a comunidade é militante

Na mesma linha de Eliseu, Márcio Rolim, editor do canal Bee40tona, lembra em um vídeo de seu canal (assista no fim da matéria) que todo corpo é político, afinal estabelecemos conexões com os outros. “Nossos corpos são um ato político, ainda que você não se posicione”, analisa Rolim.

Lembrando que ninguém é obrigado a nada, mas que todos membros da comunidade LGBTI+ de alguma foram deveriam ser ativistas, Márcio acredita que quem não deseja ser militante precisa ao menos ter uma consciência política.

Você não é obrigado a estar na linha de frente, mas não é uma opção ter a consciência de classe.

Márcio Rolim, do Bee40tona, acredita que ao menos entender a luta da comunidade é importante

Entender a importância histórica da luta, ter consciência de seus privilégios e não permitir ações discriminatórias são alguns exemplos do que quem opta por não ser ativista precisa no mínimo. Eliseu alerta ainda a importância de não ser reprodutor do ódio: “Não criticar a Parada se não quiser ir, alegando que é uma festa, lugar de pegação. As Paradas são muitas vezes o único lugar que as pessoas podem fazer o que querem, ser quem são sem problemas. Beijar na Parada, por exemplo, também é um ato político”.

Acreditando que é um privilégio poder escolher não ser militante, Rolim afirma que isso é mais comum em corpos que não precisam lutar por visibilidade. “A falsa sensação de pertencimento que alguns LGBTs têm tira esse dever, que não é obrigação, de militar pela causa do grupo”, comenta. Eliseu concorda com a análise lembrando que quem vive menos a homofobia vai reagir menos: “Não conseguem usar seus privilégios para lutar pelos outros”.

Ambos também concordam que todos nós, privilegiados ou não, precisam de aliados. Eliseu sentencia que enquanto um de nós não tiver seus direitos adquiridos, nenhum de nós vai tê-los, enquanto Márcio lembra que os privilegiados talvez demorem mais para ser atingidos, mas que um dia serão.

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